E as Crianças...

Criança que chores,
Que imploras naco de pão,
Nem deus nem agora,
Ninguém te dá mão,
Trouxeram-te ao mundo,
Sem ninguém saber,
Eras rico, eras pobre,
Onde irias viver,
Egoísmo das elites,
A Ignorância dos demais,

Mais um veio ao mundo,
Inocente e sem saber,
O que iria sofrer,
Posso ate não ter razão,
Mas a vida ai está,
Cego, aquele que não quer ver,

Cego, aquele que não quer saber,
Que assim não é viver…

Num Jardim...

Num jardim te descobri,
Por ti me enamorei,
Beleza assim nunca vi,
Comigo te queria levar,
Para sempre te guardar,
Mas…
Desataste num pranto,
Teu jardim não querias deixar,
Por ti muito chorei,
Sempre que te toquei,
Defendias teu encanto
Sempre com imensa dor,
Mas no entanto,
Não te guardo rancor,
Não o fazes por ódio,
Não tens amor,
És botão de rosa,
Em todo o teu esplendor…


Amar assim não nós leva a lado nenhum…
Amar a beleza sem querer compreender…
Ama quem te ama e logo vais ver…
Não haverá espinhos que te possam deter…

.
.

(Foto: http://anjonegro.no.sapo.pt/Rosa%20Negra.jpg)

Saio porta fora, …

Saio porta fora, …
* *
Triste dia se anuncia, escuro céu cinzento, de onde jorram pingos que ecoam pelos meus sentidos, não se ouvem os pássaros, apenas o murmurinhar das folhas, embaladas pelo vento, das poucas árvores que por ali restaram enclausuradas atrás de muros, que outrora terão pertencido a quintas, hoje esquecidas e abandonadas a espera de um nova vida, envolvidas por prédios que lhes tapam o sol. Espero, carros passam e não me deixam atravessar, enfim! Sigo monte abaixo por passeios molhados, por calçadas tingidas e gastas que a muito perderam o seu esplendor…!!! Por meio de casas velhas e novas, novas já velhas, e velhas já a muito perdidas, derreadas pelo peso dos anos. Envolto nos meus pensamentos, chapinhando em poças de água que se vão transformando em regatos e rios, sigo até ao meu destino que me vai levar dali para fora, para outras paragens, …

Basta..........

Porquê!
Porquê!
Porque bates e maltratas,
Porque dizes que me amas,
Prometes…
E logo me enganas,
Porque ages assim?
Fico triste sentida,
Sentada na sombra,
Na alma ferida,
Negas o teu amor,
A Quem te perdoou,
Ages sem pudor,
Quando levantas a mão,
A quem um dia te amou,
Fico sem forças,
Rastejo pelo chão,
Sentada na sombra,
Sozinha e triste…
A espera de uma alma,
Que Me dê protecção….

Inverno...

Tenho saudades de um dia invernoso, mas na minha aldeia, na cidade de caixinhas de fósforos não se sente o cheiro de terra molhada, não se ouve o som da chuva, não se pode acordar com o bater da chuva no telhado, que parece, querer nós embalar, de uma luz que entre de rompante pelo quarto adentro, e ficar contando baixinho, um dois, três, Brummm, sente-se a casa a estremecer, a tempestade está em cima de nós.
De passar um dia a lareira, aquecido e refastelado, a comer um bom pão torrado… ouvindo a chuva que cai sem parar lá fora.

Tenho Saudades…
Dia de chuva invernoso
Da tempestade lá fora,
Ouvir nas telhas,
Um gotejar que embala
Ver estalo de luz,
Ouvir o rugir do trovão,
E aninhado no meu canto,
Ficar quietinho a ouvir…
A melodia da chuva,
O encanto da luz,

Passeio na praia....

Passeio na praia,
Na sombra do luar,
Sinto o vento que passa,
A força do mar,
Uma força que me laça,
Que me quer levar,
Vento que me empurras
Para dentro do mar,
Digo-lhe sem graça,
Eu não sei nadar,
Ondas que me acolhem,
Me elevam no ar,

Grito de medo,
Estava a sonhar
Mas ainda sinto no corpo,
O sabor do mar,

Eu não mando na barriga de ninguém…

Eu sei que posso não ser a pessoa mais indicada, a mais culta ou versada, para ter uma opinião sobre tão melindroso assunto ABORTO!

Mas não quis de deixar de expressar aqui o que penso e a minha revolta.

São referendos para a frente, referendos para trás, desculpem-me, mas para mim não isto tudo não passa de uma palhaçada. Mas porquê a razão do referendo? Alguém me pode explicar! Não seria esse dinheiro, que se irá gastar em mais um referendo, melhor empregue em lares ou outras causas sociais? Ora, convenhamos, se ganha o não, fica tudo na mesma, se ganha o sim, certamente a Lei vai mudar! Mas não continuam as pessoas contra com a mesma opinião? Ou vão mudar? Penso que não! Se vai haver sempre contra e a favor, porque tem de ser a maioria a decidir esse direito, que para mim nunca se deveria por em questão! Mas então só porque alguém acha errado, e sei lá mais o que! Vamos obrigar uma mãe a ter um filho; um filho que não pode criar, que não quer e que não desejou, (eu sei que há maneiras de evitar, mas isso também é pecado, para alguns defensores do não, em que ficamos?), que a partida vai ter uma infância muito longe dos padrões normais e aceitáveis.

Não me venham com falsos moralismos ou frases ditas do tipo “todos tem direito a vida” sim é verdade mas a uma vida de qualidade! “Onde se cria um criam-se dois”, pois nos dias de hoje só se for de com alguma fórmula milagrosa!

Irritam-me profundamente esses tititos e titias a tentar impor a sua vontade. Mas será que essas pessoas são cegas, e não vêem pelas ruas crianças abandonadas, orfanatos cheios (não o posso afirmar, mas certamente suas mães se tivessem tido liberdade de escolha não as tinham trazido ao mundo para sofrer)… sei que algumas delas poderão ser um dia alguém na vida, mas a que preço, e a infância perdida, e as sequelas, isso não importa…

Eu sei o que e um amor de mãe e de pai, eu sei o que é ter sido desejado, eu sei o que é viver numa casa, não era rica, mas nunca faltou o pão mesa. Felizmente sei!

Será, que não temos todos esse direito, de ter uma infância feliz. Porque insistem a querer obrigar pais a ter filhos que não podem e não querem ter! Isto para não falar nos abortos clandestinos, nas idas a Espanha, etc..
*
Eu sei que talvez esteja a abordar o assunto de uma maneira superficial e talvez insensível perante um assunto tão delicado! Mas é o que penso! E só no dia em que me garantirem, que a criança que vai nascer, vai ter de algum modo “direito” de viver uma infância feliz, que não vai ser obrigada a mendigar, que não vai ser posta de lado nesta sociedade de consumo, ai talvez não me revolte tanto, porque, não vou mudar de opinião.

Escrita....

não consigo pensar
não consigo dizer
não consigo comer
o meu vai mas é morrer
olha que tamanha loucura
aqui esta a acontecer
ou é maluco
ou não sabe
que mais dizer
mas quem não sabe
será ele, serei eu
mas afinal quem isto
escreveu?
eu não fui!
ele não foi!
foi a caneta levada pelos dois!
não, mau!
ora afinal?
querem lá ver!
foi a caneta sozinha,
que andou aqui a correr!

Minhas terras....


Lá longe está a terra onde nasci,
Mais perto onde cresci,
De ambas afastado,
Como um filho enjeitado,
Longe terra, que não conheci,
Tão perto onde cresci,
Cada regresso e um recordar,
Recordar tudo o que vivi,
A família que deixei,
A terá que cultivei,
Dos seus frutos sobrevivi,
E quando chega a hora,
De uma vez mais partir,
Meu coração implora,
Daqui jamais quero sair,

Um doce....


Um doce pecado...
Num dia de feriado...
Mas não resisti...

escrevo, porquê escrevo?


escrevo, porquê escrevo?
.....escrevo, porque gosto de escrever...
escrevo, porquê escrevo?
.....escrevo, porque me ajuda a viver.
escrevo, porquê escrevo?
.....escrevo, porque me acalma a alma.
escrevo, porquê escrevo?
.....porque gosto de partilhar o que me deixa a sonhar!
escrevo, porquê escrevo?
.....porque um dia ouvi dizer, a força das palavras ninguém consegue deter…
escrevo, porquê escrevo?
.....escrevo porque o posso fazer, arrogante, eu sei!
escrevo, porquê escrevo?
.....escrevo, porque gosto de escrever...

O despertar....

7:40 da manhã,…
uma música suave de fundo, a aparelhagem despertou, que me vai embalando por breves instantes, para ser repentinamente abafada pelo ensurdecedor “rádio despertador”, biii, biii, biii, parece que quer acordar os mortos mais renitentes, ensonado procuro o botão salvador, carregando em tudo e não se cala, continua aquele biii, biii, biii, raio!!!
Lá o encontro finalmente, e me viro para o lado, podendo ouvir novamente, a música lá no fundo… “eu não me atraso” “ são só mais uns segundos” e volto ao mundo dos sonhos, ao dormir leve, ao sonhar acordado, os segundos passam, os minutos correm, e tudo recomeça, biii, biii, biii,… É desta tem de ser, levanto-me resignado, calo o maldito despertador.
- Que dizem na rádio?
- Mais um dia de chuva!
- Não pode ser!
- Pareceu-me ver o Sol brilhar!
Ainda ensonado dirijo-me a janela, desvio o cortinado…
- aii terrível, tanta luz!
- Eu quero é dormir!
Bem para variar, o rádio e o tempo, mais uma vez, não se entenderam!
O Sol brilha, lá longe umas nuvens tímidas no curto horizonte…
- Bem para a cama não posso voltar!
E lá sigo…
Acabei de despertar…