O Meu Avô



Hoje resolvi partilhar com todos vocês uma história real do meu avô, que ouvi vezes sem conta durante a minha infãncia ou melhor todos os meses de Agosto em que o meu avô vinha a Portugal. Mas por muita pena minha, esta foi a unica que ficou gravada.
Por isso aqui fica... espero que gostem!

Meus Senhores queiram ouvir
Não e crime praticado, e apenas um resumo da vida que tenho passado.
Na Minha grande doença eu nunca perdi a esperança de um dia vir ver as lindas terras de França.
Passar de um ano andei, sem nada poder ganhar.
Não duvideis de mim, isto foi mesmo assim como estou a contar.
Vinte e quatro noites passaram, sem dormir um minuto
Eu dizia que dava em maluco com a doença que passei.
A minha historia e uma historia fatal.
Agora quero-vos contar desde que vim de Portugal
Quando vinha em viagem vinha um pouco atrapalhado, mas ao atravessar a fronteira eu arranjei de tal maneira sem dar nenhum enfado.
Quando sozinho me vi ainda me lembro do que fiz lá perguntei a alguém que me indica-se o trem que partia para Paris.
La encontrei um buraco por onde pude passar, e sem enfadar ninguém, fui para o trem e assentei-me no meu lugar.
Ali comecei a passear a fazer o caso disfarçado.
Fumar mais um cigarro como se fosse um morgado.
Quando encaro com o Gabriel vinha todo atrapalhado, em Burgos perdeu o Trem tinha tido pouca sorte.
Mas mais enrascado vinha que não trazia passaporte.
Ele passaporte não tinha e merenda também não essa e que era nele a maior aflição.
Quando cegou ao pé de mim logo se encheu de coragem.
Mas ainda teve muita sorte que nem pagou a viagem.
Quando cheguei a Poitiers e que me desci do trem
Ali e que me enrasquei, porque não conhecia ninguém.
Eu não os entendia a eles, eles a mim também não.
Aluguei um Taxi e mostrei a direcção
Foi então noite até chegar a caravana.
Meus filhos abracei, e então por ali passei o resto da semana.
A outra semana a seguir, logo fui trabalhar
Mas o trabalho era duro que me custou a aguentar.
Andei um mês e meio com o genro a trabalhar
Depois de mês e meio fui também vindimar.
Ali andei quinze dias bastante desanimado quando foi o fim de semana tinha o corpo esfolado.
Ali andei desanimado cheguei até a passar mal.
Se isto assim continua ou eu me ponho aqui na rua
Ou eu volto já para Portugal
Quando me ponho a pensar isto me dava muita pena.
Mas tendo-se acabado a vindima fui trabalhar para a Viena
Ali andei mais nove meses com o genro a trabalhar
E depois foi quando os vi abalar para Foes
E lá ganha-se boa nota
Mas quando foi o fim do mês logo me puseram a porta
Se me puseram a porta não foi por eu fazer mal
Enchi-me ca de energia vou-me já para Portugal
A vos todos os saúdo bastante
Vivam todos os portugueses que se encontram de emigrante
Fui então para Portugal com a minha fraca mobília
Abracei minha mulher e o resto da família
Se me quiserem conhecer ainda vos vou explicar
Eu chamo-me Augusto de Oliveira por alcunha de Salazar
Sou do Distrito de Castelo Branco de uma terra boa
Concelho de Penamacor Freguesia da Meimoa

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Em melhorar ainda há esperança
Portugal esta desgraçado
Até o Salazar fugiu para a França
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Tenha ou não tenha sorte aqui andei mais um ano
Mas quem esta arrasca comigo e o Sr. Marcelo Caetano
Quando eu daqui vou, quero a ele lhe perguntar
Quem lhe deu autorização de entrar para o meu lugar

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu tambem sou filho de emigrantes e conheço a história de quem nada tem e vai tentar construir uma vida no exterior...não é facil, mas por vezes é a solução, opr mais dolorosa que seja.
Quanto a Portugal, tal como na voz de Dulce Pontes... Falta cumprir o Amor a Portugal...

Yashmeen disse...

Que giro! Um poeta popular!